O falecido pensador egípcio Muhammad Emara escreveu sobre a primeira edição em árabe dos Fatos fundamentais sobre a Questão Palestina que as páginas deste livreto tornaram-se um “texto para memorizar”, porque o autor conseguiu extrair os fatos básicos, dentro da aspectos políticos, intelectuais e da consciência civilizacional sobre o conflito violento que fere a terra palestina.
A brochura resume o que é indispensável para ativistas e defensores dos direitos do povo palestino que buscam compreender as dimensões da causa, com foco em conceitos e dados que formam uma base de partida para o a defesa da Palestina pelas pessoas livres no mundo.
O autor também expõe os direitos civis e os princípios em que o Ocidente e o Oriente são iguais em termos de direito de viajar, educação, movimento e segurança da comunidade, todos os quais estavam ausentes sob a sombra do colonialismo sionista e a tentativa de forçar deslocar as pessoas de suas terras.
Neste trabalho, ele explica o surgimento do movimento sionista, a ocupação britânica da Palestina e, em seguida, o estabelecimento do Estado de Israel. Mostra o tamanho dos sacrifícios feitos pela resistência palestina e os levantes do povo palestino em face do colonialismo britânico, como as gangues Haganah e a entidade sionista.
As circunstâncias em que a revolução palestina surgiu e como a Organização para a Libertação da Palestina e as facções de resistência foram estabelecidas são apontadas pelo autor, que discorre ainda sobre o papel árabe, o progresso de Oslo e os acordos de normalização e suas repercussões no conflito árabe-palestino, e então o conflito Palestino-Palestino.
Ele esclarece a disputa entre Fatah e Hamas após os Acordos de Oslo de 1993, assinados pela Organização para a Libertação da Palestina, liderada pelo falecido Yasser Arafat, e Israel.
Estão também reunidas na brochura as resoluções mais importantes das Nações Unidas relacionadas à questão palestina, como a No. 101, na qual o Conselho de Segurança condenou o ataque de Israel a Qibya (uma vila palestina) em 14-15 de outubro de 1953, e a Resolução 194 de 1948, que afirma que o retorno dos refugiados palestinos às suas casas e propriedades é um direito, que deve depender apenas de sua livre escolha. Entre outras decisões e posições internacionais,a mais recente mencionada é a Resolução 2334 de 2016, que pediu o fim dos assentamentos israelenses nos territórios palestinos.
O livro não tem mais do que 35 páginas de tamanho médio. Foi publicado em sua primeira edição em 2001 na língua árabe e tornou-se muito popular. Centenas de milhares de exemplares foram impressos e a publicação foi traduzida para outras treze línguas, a última delas em português, lançada agora pelo Monitor do Oriente Médio, através de sua Editora MEMO .
Com esta leitura é possível constatar que os direitos continuam sendo reivindicados apesar do tempo e não caducam. O autor destaca o direito de retorno, a identidade da Cidade Santa (Jerusalém), e o avanço da ocupação, que aumenta a cada dia, deixando efeitos catastróficos.
Este lançamento ocorre em um momento muito sensível para a causa palestina, após a guerra militar ocorrida na Faixa de Gaza em maio passado, a expulsão e deslocamento de palestinos de suas casas e vilas, como no bairro Sheikh Jarrah, e as repetidas violações contra a Mesquita de Al-Aqsa e Jerusalém. Tudo isso na sequência da chamada normalização de vários estados árabes, como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos com o Estado sionista e o afastamento da Iniciativa de Paz Árabe emitida pela Liga dos Estados Árabes 2002.